Folhetos de cordel:
-Sertânia de ontem e de hoje
-Cine Emoir- o gigante de azulejo
--Luiz camarão - o professor de cachaça
-Niu de Deja : Da Salina para glória- um goleiro de História
Sertãnia de ontem e de hoje
(josessandro andrade)
Princesa do moxotó
Terra de mulher bonita
A capital do caprino
Es um berço de artista
Com todos estes encantos
Não há quem a ti resista
Mas, basta a gente lançar
Um olhar sobre a cidade
Os jovens sem expeccativa
Não se tem uma faculdade
O emprego eo lazer
São apenas nulidades
Teu comércio em marasmo
Se acaba em tormento
Já sem vida social
A noite sem movimento
Parece que lampião
Passou naquele momento
Os teus vizinhos progridem
Arcoverde e afogados
A estes e a monteiro
Tu não é mais comparado
Mas a betãnia e iguaracy
Eis que restou do reinado
Ah! Sertãnia teu passado
Teu passado é demais!
Quem coneceu tua história
Não te reconhece mais
Parece que teu progresso
Ficou somente prá trás
Fábricas de caroá
Havia em pinto ribeiro
E lá no alto rio branco
Brotava f. Pinheiro
Depois em caroalina
Gerava emprego e dinheiro
Fardos brancos e macios
Atapetavam o chão
Empilhados nas calçadas
Por usinas de algodão
Que embarcavam a seguir
No trem de nossa estação
Sambra, clayton, boxwweel
Indúsrias algodoeiras
Que por aqui se instalaram
Com a aguil pioneira
Ninguém carecia a vida
Ganhar em terra estrangeira
Café prata e juriti
Também tinha doces touro
Nesse tempo o crescimento
Era nosso maior tesouro
E nossa gente deswfrutava
Desses bons anos de ouro
América esporte clube
Nos seus salões belas festas
Os frevos de francisquinho
Marajoara era orquestra
Boleros de waldemar
Davam magia as serestas
Tinha o handebol de zina
Cinco vezes campeão
A tela do cine emoir
Marcou muita geração
E na difusora a música
De namoro e união
Obras de etelvino lins
Temos duas sem igual
A primeira inaugurada
Por doutores raul e bonal
Junto a doutor natalício
Davam show no hospital
Segunda é o colégio
Nosso olavo estadual
Onde padre christiano
Nosso nassau imortal
Fazia no vestibiular
Aprovação ser total
Mas já prá os que queriam
Ter um curso profissional
Serralhweiro ou mecãnico
Ginásio industrial
Quer tinham como baluartes
O seu valter, o seu vital
Ah! Sertãnia teu passado
Teu passado é demais!
Quem coneceu tua história
Não te reconhece mais
Parece que teu progresso
Ficou somente prá trás
Hoje sertãnia querida
Entoas a marcha regresso
Vives o teu pesadelo
Sonhando com teu progresso
Esperando que um dia
Tu voltes a ter sucesso
Cine emoir: o gigante de azulejo-
60 anos
(josessandro andrade)
A escola etelvino lins
Traz agora na avenida
O resgate de uma história
Que se encontra adormecida
Pois por muito tempo só
A deixaram esquecida
Do moxotó ao pajeu
Do iapoque ao chuí
Nunca se viu tanta tristeza
Como essa que teve aqui
Quando aqui em sertãnia
Fecharam o cine emoir
Cine teatro central
Esse foi o primeiro nome
Mas logo virou emoir
Uma sigla de renome
Um fruto de epaminondas
Irmãos moraes sobrenome
Disse-me o grande nil
Doutor adilson barbosa
“ coração de uma cidade”
Uma obra primorosa
Primeiro filme exibido
Imagem não nebulosa
No gigante de azulejo
Muitos foram exibidos
Como os filmes de tarzan,
Rei da selva conhecido
Ali babá e os quarenta
Ladrões de tempos perdidos
Paixão de cristo, de olavo,
Os canhões de navarone,
Também romeu e julieta
Corcunda de noutre dame,
Podiam até repetir
Nunca houve quem reclame
Ornado de primaveras
Velho coreto bendito
Passear naquela praça
Prá moças era um rito
Os rapazes paquerando
Cortejo e verso bonito
Também o primeiro beijo
Pintava lá no cinema
Toda magia telúrica
Rolava tal um poema
Na tela panorâmica
Na penumbra como tema
No palco do cine emoir
Passaram os menestréis
A diva angela maria
Endoidou os bacharéis
E waldick soriano
Encantando os bedéis
Lá cantou luiz gonzaga
Saudoso rei do baião.
Caubi peixoto, ari lobo
Marinez no seu rojão
O grande nelson gonçalves
Com aquele vozeirão
Mauricio reis, zé augusto
E mais augusto calheiros,
Famoso autemar dutra
Trio irakitan, zé ribeiro
Roberto miller- o astro
Do romãntico terreiro
Tinha também o teatro
Que era : dona liu pinheiro
Florisa de francisquinho
E o waldemar cordeiro,
Encenaram muitos dramas
Era a cultura em celeiro
Quem lembra dos shows de
Revista:
Famoso g.v.g.o
As perguntas e respostas
Prá ver que era o melhor
Show de calouros e mágica
Com erotides, vovô eró
Aguardando a projeção
Nós tínhamos a difusora
Serviço de auto- falantes
Onde era comunicadora
Saudosa nita laet
Uma mulher precussora
Dali gilberto carvalho
Prá rádio clube mais tarde
Édson lima, a “relógio”
Uma saudade que arde
-a voz de cebolinha
Postal sonoro da tarde
_”essa música de agora
Na voz de autemar cantor
Vai para um certo alguém
De zé júlio operador
Em uma parte da cidade
Como prova de muito amor...”
O senhor orlando ramos
Falava rápido e sorrindo
João trajano-um poeta
Da memória ressurgindo
Perfumando a gaveta
Da saudade se bulindo
Dário e paulo de loura
Pelas novas gerações
Geraldo melo, djalma,
São duas grandes tradições
Com sebastião remígio
Magoavam corações
Dos funcionários da casa
Vamos mostrar o valor
De zezo, lula e nozinho,
Manejando o projetor
Expedito e roberto
Na função de zelador
A bilheteria era ninho
Da família patriota
Doutor fernando de clóvis
E mais uma outra patota
Mário, gaginho e sílvio
Filhos de zé patriota
Dois gerentes do emoir
Que ficaram na memória
Um é professor arlindo
E olavo cuja história
Se confunde com o emoir
E os seus dias de glória
Esse ano o cine emoir
Completa sessenta anos
Um patrimônio cultural
Vivendo no desengano
Nada contra a universal
Mas merecia outro plano
Sos cine emoir
Pedimos aqui nessa hora
Há dez anos tal movimento
Pedia o que se pede agora
A cultura não tem preço
Mas vale igual uma aurora
Não tem prioridade maior
Do que nossa própria história
Do que a alma de um povo
Do que sua trajetória
Costumes, fatos e lendas
Suas perdas e vitórias.
Sertãnia precisa urgente
Desse espaço cultural
Para que nossa história
Não tenha triste final
Eu peço a todos que lutem
Prá não morrer o ideal.
Sertânia, 06 de setembro de 2008
Josessandro andrade
Luiz camarão – o professor de cachaça
Cordel de josessandro andrade
Na até luciano huck
Fez uma caldeirão feliz
Lá no sítio caldeirão
O shw já nos pediu bis
É maior espetáculo
O caldeirão do luiz
Há professores de contas,
Até arte-educação,
Judô , balé ,ocultismo
Tem um novo na profissão
O professor de cachaça
Mestre luiz camarão
A grande escola de cana
Garante a formação,
Ensinado tira-gosto
Que não aumenta a pressão:
Peba, porco, charque , teju,
Fava, buchada e pavão.
Diz nosso mestre luiz
Que conhece do riscado
“a cana cinquenta e um,
Dá um baita pé inchado
Dê preferência as pitú
Das do casco esverdeado...”
“água de coco, mistura,
Melhor que um limão ,
Serve também na ressaca
Para desidratação
Evita serviço na calça
Antes de chegar no oitão...”
Numa vitrola da sala
Na voz do velho agnaldo
“meu grito” é bela senha
Para lembrar do passado
E o forró trio nordestino
Deixa o velho remoçado
Seu vizinho na sanfona
Vai garatindo a função
Luiz batendo na mesa
Faz dela uma percussão
Embora já no outro dia
Inchadas tejam as mãos
No sonho cheio de cachaça
Desfila loira e morena
Cada uma traz um cheiro
Que é de colo de açucena
Que se o cabra acordar
É coisa de fazer pena..
Luiz entrou pru folclore
E já tá fazendo história
Jílio e gonga seguidores
Da sua carreira de glória
De um caldeirão só de cana
Não sobrou nem prá memória...
De geraldo maciel
É irmão, vou lhe dizer
Foi da sorveteria
Garçom do bnb
Guarda lá do bandepe
-agora dá prá saber?
Fiscal de feira e mercado
Um freguês do cabaré
No colégio etelvino
Era luiz caboré
Me viciou na cachaça,
Mas nisso ainda dou ré...
Quando quer tomar uma
Que ninguém lhe conteste
-“ora, porra de diabetes,
Eu sou um cabra da peste!”
Depois se caga de medo
Correndo prá doutor orestes...
NIL DE DEJA : DA SALINA PARA GLÓRIA- UM GOLEIRO DE HISTÓRIA
(A DR. ADILSON ALVES BARBOSA( NIL)- HOMEANAGEM A UM DOS MAIORES GOLEIROS DO FUTEBOL DO SERTÃO DO MOXOTÓ PERNAMBUCANO)
(CORDEL DE JOSESSANDRO ANDRADE)
Venho aqui Cordelizar
Uma bela trajetória
De Nil , filho de seu Deja
Um goleiro de historia
Que foi se desenvolvendo
Da salina para glória
De João pires um terreno
Com grande teor de sal
Batizado de salinas
Quase na zona rural.
Gerou uma associação
De caráter especial
Numa superficie plana
Bola rolava macia
Como se fosse uma sinuca
Era assim que se dizia
Um gramado imaginário
Era o que se parecia
Era década de setenta
Num Brasil bicampeão
Pelé , Gilmar e garrincha
Formavam o esquadrão
Pros meninos da salinas
Serviam de inspiração
No esquadrão lá da salinas
Se escalava zé rolinha
O toinho pichilinga
O já “ marchante” dedinha
“boca de sapo” e murilo,
O “pau-ferro” e zé beguinha.
Vampiro e doca chorão,
Tadeu cocó e babau
O resenildo leandro,
Mardel, deda cabejal
Antônio murilo e ciro
Foto de um tempo imortal
O pelé de sizenando
O sebastião pupu,
Jorge calado e dódi,
Cardoso e nildo pitu,
Paulo peba e jurandir
Ivam maguim, beto inchu
”língua”, filho de seu lino,
Cujo nome era rivaldo
Zé avelino e pezinho,
O charuto e zé arnaldo
Ali um craque surgia
Ismar que chamam “inchado”
Fumuchu e joão bigode
Também ademir vovô
E barata era o apelido
De seu milton salvador
E prá repetir a rima
O irmão mário salvador
Quem não era jogador
Mas figura a ressaltar
Tonho de dona catucha
Sempre a providenciar,
Bolas , redes , marcação,
Torneios a organizar
Maior rivalidade?
Ficava entre dois goleiros,
O paulo de josué,
No futsal grande arqueiro
E nil filho de seu deja
O guarda-metas primeiro.
Nil de deja fez carreira
Alí começou sua glória
Foi no campinho da salinha
E seguiu com sua história
De prêmios, de conquistas
Que ficaram na memória
Do ano de sessenta e cinco
Até os anos oitenta
É uma fila de títulos
Que no gol ele sustenta
Parte em futebol de campo
E o futsal complementa
Lá na casa de seu deja
Se formou um time inteiro
Nil com a camisa um
Dário e alcides zagueiros
Nena e pezinho no meio
Fumachu e som ponteiros
E nil agarrou no esporte
No ano de meia cinco
Tendo sido campeão
Um yashin com afinco
Era o banks do sertão
Esse registro eu finco
Mas nil jogou no américa
No ano de meia oito
Também lá foi campeão
Por ser muito ágil e afoito
No ano setenta e dois
É a vitória no coito
Afogados as ingazeira
Foi palco do seu brilho
No gol do ferroviário
Era uma muralha de trilho
Prá fazê-lo campeão
Ninguém foi empecilho
Ainda em futebol de campeão
Tinha a famosa escolinha
Da escola olavo bilac
Campeão nas quatro linhas
Ano de setenta e quatro
Nil alí também se aninha
Tem um estoque de faixas
Pelo futebol de salão
No américa de sertânia
Ele foi tricampeão
Sete seis a sete oito
Não perdeu nenhuma não
E com a bola pesada
Nil agiu sobrehumano
Como vice-campeão
Aqui do pernambucano
Pelo sport recife
Sete e quatro foi o ano
Em volta redonda, rio
Nesses jogos brasileiros
De nome universitários
Nil foi o grande arqueiro
Universidade rural
Quarto lugar no roteiro
Nas copas do interior
Era sempre o titular
Da seleção de sertãnia
Fez da meta o seu lar
De sete-sete a sete oito
Ninguém tomou o seu lugar
Por esse mesmo periodo
O goleiro menos vazado
]da grande copa arizona
Donde sai consagrando
No américa ser tãnia
Ficando imortalizado
Se é prá contar tudo
Não vai ter papel prá dar
Em nome da concisão
Vou agora sintetizar
Com o registro de um fato
Que a todos vai encantar
Tem o jogo da história
Em que o nil tomou parte
Que é um grande capítulo
Do nosso futebol arte
Escrito pelos seus deuses
Sonhando jogar em marte
Velho time do união
Da cidade de afogados
Ao américa de sertãnia
Vencia muito folgado
Por um placar muito elástico
De quatro tentos marcados
Vinte e seis minutos só
Faltava prá terminar
A torcida de sertãnia
Resolveu logo voltar
E os pés no caminho
Passou logo a colocar
Em uma reviravolta
De modo sensacional
O América subverte
De o resultado final
Desafiando qualquer
Previsão racional
Com um gol de Zé paulo
Um tento de colorado
Três gols de cicinho
O placar foi revirado
Deixando todo o estádio
Perplexoe muito calado
Ao chegar em sertânia
Aqui não se acreditou
Por sorte o zé das neves
Que a tudo testemunhou
Assistindo até o fim
A verdade confirmou
A tal epopéia inédita
Odisséia no sertão
No ano de meia-oito
Ano de revolução
Consagra assim desse modo
O que é transformação
Encerrou sua carreira
No ano de oitenta e um
Ostentando as glórias
De trajetória incomum
Ferroviário recife
E américa, um a um...
Na rural o barroada
Um doutor zootecnista
Um homem simples do povo
De caráter humanista
Inda a sensibilidade
De uma alama de artista
Na mesa de bar, irmão
Com o seu bu-bu-bu
Abraço de sertanejo
Forte tal mandacaru:
-de nada vale um cabra
Se ele não gostar de tu!...